terça-feira, 18 de setembro de 2012

O perigo do orgulho espiritual






Por: Jânio Santos de Oliveira




Presbítero e professor de teologia da Igreja Assembléia de Deus Taquara - Duque de Caxias- Rio de Janeiro






janio-construcaocivil.blogspot.com








A primeira e a pior causa de erro que prevalece nos nossos dias é o orgulho espiritual. Essa é a principal porta que o diabo usa para entrar nos corações daqueles que têm zelo pelo avanço da causa de Cristo.

É a principal via de entrada de fumaça venenosa que vem do abismo para escurecer a mente e desviar o juízo. É o meio que Satanás usa para controlar cristãos e obstruir uma obra de Deus. Até que essa doença seja curada, em vão se aplicarão remédios para resolver quaisquer outras enfermidades.

O orgulho é perigoso. A Bíblia diz em ( Pv 16:18) “A soberba precede a destruição, e a altivez do espírito precede a queda.”

A humildade produz honra. A Bíblia diz em (Pv 29:23) “A soberba do homem o abaterá; mas o humilde de espírito obterá honra.”
Deus é contra os orgulhosos. A Bíblia diz em 1 Pedro 5:5-6 “Semelhantemente vós, os mais moços, sede sujeitos aos mais velhos. E cingi-vos todos de humildade uns para com os outros, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte.”

O orgulho pode separar-nos de Deus e das outras pessoas. A Bíblia diz em Lc 18:14 “Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado.”
Uma humildade semelhante à de uma criança é de muito valor no céu. A Bíblia diz em Mt 18:4 “Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.”
Os orgulhosos serão humilhados. A Bíblia diz em Mt 23:12 “Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado.”
Os que são orgulhosos podem cair. A Bíblia diz em 1 Coríntios 10:12 “Aquele, pois, que pensa estar em pé, olhe para que não caia.”

O orgulho é muito mais difícil de ser discernido do que qualquer outra fonte de corrupção porque, por sua própria natureza, leva a pessoa a ter um conceito alto demais de si própria.

É alguma surpresa, então, verificar que a pessoa que pensa de si acima do que deve está totalmente inconsciente desse fato? Ela pensa, pelo contrário, que a opinião que tem de si está bem fundamentada e que, portanto, não é um conceito elevado demais. Como resultado, não existe outro assunto no qual o coração esteja mais enganado e mais difícil de ser sondado. A própria natureza do orgulho é criar autoconfiança e expulsar qualquer suspeita de mal em relação a si próprio.

O orgulho toma muitas formas e manifestações e envolvem o coração como as camadas de uma cebola – ao se arrancar uma camada, existe outra por baixo dela. Por isto, precisamos ter a maior vigilância imaginável sobre nossos corações com respeito a essa questão e clamar àquele que sonda as profundezas do coração para que nos auxilie. Quem confia em seu próprio coração é insensato.

Como o orgulho espiritual é mascarado por natureza, geralmente não pode ser detectado por intuição imediata como aquilo que é mesmo. É mais fácil ser identificado por seus frutos e efeitos, alguns dos quais quero mencionar junto com os frutos opostos da humildade cristã.

A pessoa espiritualmente orgulhosa sente que já está cheia de luz, não necessitando assim de instrução. Assim, terá a tendência de prontamente rejeitar a oferta de ajuda nesse sentido. Por outro lado, a pessoa humilde é como uma pequena criança que facilmente recebe instrução. É cautelosa no seu conceito de si mesma, sensível à sua grande facilidade em se desviar. Se alguém lhe sugere que está, de fato, saindo do caminho reto, mostra pronta disposição em examinar a questão e ouvir as advertências.

As pessoas orgulhosas tendem a falar dos pecados dos outros: o terrível engano dos hipócritas, a falta de vida daqueles irmãos que têm amargura, a resistência de alguns crentes à santidade. A pura humildade cristã, porém, se cala sobre os pecados dos outros ou, no máximo, fala a respeito deles com tristeza e compaixão.

A pessoa espiritualmente orgulhosa critica os outros cristãos por sua falta de crescimento na graça, enquanto o crente humilde vê tanta maldade em seu próprio coração, e se preocupa tanto com isso, que não tem muita atenção para dar aos corações dos outros. Queixa-se mais de si próprio e da sua própria frieza espiritual; sua esperança genuína é que todos os outros tenham mais amor e gratidão a Deus do que ele.

As pessoas espiritualmente orgulhosas falam freqüentemente de quase tudo que percebem nos outros em termos extremamente severos e ásperos. É comum dizerem que a opinião, conduta ou atitude de outra pessoa é do diabo ou do inferno. Muitas vezes, sua crítica é direcionada não só a pessoas ímpias, mas a verdadeiros filhos de Deus e a pessoas que são seus superiores. Os humildes, entretanto, mesmo quando recebem extraordinárias descobertas da glória de Deus, sentem-se esmagados pela sua própria indignidade e impureza. Suas exortações a outros cristãos são transmitidas de forma amorosa e humilde e, ao lidar com seus irmãos e companheiros, eles procuram tratá-los com a mesma humildade e mansidão com que Cristo, que está infinitamente superior a eles, os trata.

O orgulho espiritual comumente leva as pessoas a se comportarem de modo diferente na sua aparência exterior, a assumirem um jeito diferente de falar, de se expressar ou de agir.

Por outro lado, o cristão humilde – mesmo sendo firme no seu dever, permanecendo sozinho no caminho do céu ainda que o mundo inteiro o abandone – não sente prazer em ser diferente só para ser diferente. Não procura se colocar numa posição onde possa ser visto e observado como uma pessoa distinta ou especial; muito pelo contrário, dispõe-se a ser todas as coisas a todas as pessoas, a ceder aos outros, a se adaptar aos outros e a agradá-los em tudo menos no pecado.

Pessoas orgulhosas dão muita atenção a oposição e a injúrias; tendem a falar dessas coisas freqüentemente com um ar de amargura ou desprezo. A humildade cristã, em contraste, leva a pessoa a ser mais semelhante ao seu bendito Senhor, o qual, quando foi maltratado não abriu sua boca, mas se entregou em silêncio àquele que julga retamente. Para o cristão humilde, quanto mais clamoroso e furioso o mundo se manifestar contra ele, mais silencioso e quieto ficará, com exceção de quando estiver no seu quarto de oração: lá ele não ficará calado.

Outro padrão de pessoas espiritualmente orgulhosas é comportar-se de forma a torná-las o foco de atenção. É natural que a pessoa sob a influência do orgulho tome todo o respeito que lhe é oferecido. Se outros demonstram disposição de se submeterem a ela e a cederem em deferência a ela, esta pessoa receberá tais atitudes sem constrangimento. Na verdade, ela se habituou a esperar tal tratamento e a formar uma má opinião de quem não lhe oferece aquilo que pensa merecer.

Uma pessoa sob a influência de orgulho espiritual tende mais a instruir aos outros do que a fazer perguntas. Tal pessoa naturalmente assume ar de mestre. O cristão eminentemente humilde pensa que precisa de ajuda e todo o mundo, enquanto a pessoa espiritualmente orgulhosa acha que todos precisam do que ela tem para oferecer. A humildade cristã, sentindo o peso da miséria dos outros, suplica e implora; o orgulho espiritual, em contraste, ordena e adverte com autoridade.

Assim como o orgulho espiritual leva as pessoas a assumirem muita coisa para si mesmas, de forma semelhante as induz a tratar os outros com negligência. Por outro lado, a pura humildade cristã traz a disposição de honrar a todas as pessoas. Entrar em contendas a respeito do cristianismo por vezes é desaconselhável; no entanto, devemos tomar muito cuidado para não nos recusarmos a discutir com pessoas carnais por as acharmos indignas de nossa consideração. Pelo contrário, devemos condescender a pessoas carnais da mesma forma como Cristo condescendeu a nós – a fim de estar presente conosco na nossa indocilidade e estupidez.

O Anjo que Queria ser Deus

Em Isaías 14, encontramos um retrato fascinante da primeira vítima do veneno do orgulho. É a história de como o diabo tornou-se um demônio. Claro, que sabemos que Deus não criou o diabo. Pelo contrário, Ele criou um anjo deslumbrantemente perfeito chamado Lúcifer, que foi o maior dos querubins, o líder do coro celestial, e o mais inteligente e poderoso de todos os seres criados.

Mas todas as criaturas de Deus são livres para escolher quem vão amar e servir. Infelizmente, Lúcifer tomou a tóxica decisão de escolher-se a si mesmo, acima de todos os outros. Ele tornou-se hiper-narcisista, encantado com sua própria beleza. “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! … Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo.” (Is 14:12-13). Lúcifer tinha claramente problemas com seu ego.

Quando o anjo rebelde espalhou seu desafeto entre os outros anjos, finalmente Deus teve que expulsá-lo da corte celestial. Mas esse não foi o fim do orgulho na criação de Deus. Na verdade, foi o primeiro tipo de tentação que Lúcifer, agora mais conhecido como Satanás, apresentou para Adão e Eva. Disse-lhes que se fossem simplesmente comer do fruto proibido, seus olhos seriam abertos e seriam como Deus, implantando assim, em seus corações e mentes seus desejos arrogantes. E funcionou.

Finalmente, o orgulho é uma forma de idolatria – tornando-nos um objeto de adoração. As aspirações do Clube do diabo em toda a grande controvérsia giram todas em torno do “próprio eu, do ego”. Em Ezequiel 28, encontramos mais alguns detalhes sobre as muitas facetas do orgulho que levaram à queda de Lúcifer — orgulho pelo poder, posição, posse, inteligência, aparência, e muito mais. O capítulo deve ser um alerta para os cristãos na era final da história humana, porque essas características egoístas continuam a contribuir para a queda daqueles que, eventualmente se distanciam do Espírito do Senhor. Na verdade, o orgulho é o arrastão invisível com o qual o diabo captura os mais confiantes do povo de Deus.

O orgulho espiritual é um poço escondido em que muitos cristãos inocentes caíram. É especialmente insidioso porque se disfarça como virtude. No Antigo Testamento, o Rei Uzias, foi em geral um bom governante, mas ele caiu por seu orgulho religioso. Ele achava que merecia os mesmos privilégios que os sacerdotes. O rei Saul também perdeu o seu reino, após usurpar as responsabilidades do sacerdócio.

Jesus abordou essa falha fatal em uma de suas parábolas mais populares. “Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu, e o outro, cobrador de impostos” (Lucas 18:10). Aqui Jesus contrasta duas pessoas que pertenciam à mesma igreja. No tempo de Jesus, os fariseus eram profundamente respeitados por sua religiosidade, enquanto os publicanos eram considerados párias.

Na parábola, “O fariseu, em pé, orava no íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano, Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”, enquanto “o publicano ficou a distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’ “(Lc18:11-13).

De acordo com Jesus, foi o humilde publicano quem foi para casa justificado (Lc18:14). Você vê, o fariseu estava orgulhoso de suas boas obras, acreditando que ações espirituais valeriam sua aceitação diante de Deus. Mas o publicano tinha simples confiança na misericórdia de Deus. O publicano foi perdoado, mas o fariseu não. Não podemos perder essa lição, se quisermos crescer em Cristo.

O orgulho espiritual é mortal – e é a desgraça da Igreja de Laodicéia. Quando uma pessoa ou igreja diz: “Eu sou rico, e me tenho enriquecido, e de nenhuma coisa tenho necessidade” isso é nada mais do que o orgulho espiritual egoísta. E Deus tem algo a dizer sobre isso. Ele diz que nós realmente somos “pobres, miseráveis, cegos e nús e não sabemos disso”. Quanto mais você se tornar espiritualmente orgulhoso, mais espiritualmente pobre você é. Mas aqueles que reconhecem e admitem o seu estado espiritual falho, sabem que podem ser salvos apenas pela graça de Cristo, e tem uma vantagem nessa humildade. Jesus promete-lhes: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.”

É por isso que Jesus disse: “Cuidado com os mestres da lei. Eles fazem questão de andar com roupas especiais, de receber saudações nas praças e de ocupar os lugares mais importantes nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes. Eles devoram as casas das viúvas, e, para disfarçar, fazem longas orações. Estes Homens diz Jesus “… receberão condenação mais severa!” (Mc 12:38-40).

Você está sobrecarregado com orgulho espiritual? Você está orgulhoso de seu conhecimento das doutrinas da Bíblia? Você vai à igreja zombando daqueles que não vão no mesmo dia que você? Sonde o seu coração para as razões pelas quais você faz as coisas religiosas. O orgulho é a semente que Satanás plantou para ter Jesus pregado na cruz. Em Marcos 15 é nos dito que Pilatos perguntou aos judeus “Vocês querem que eu lhes solte o rei dos judeus? sabendo que fora por inveja que os chefes dos sacerdotes lhe haviam entregado Jesus.” (versos 9 e 10). O Orgulho ofendido por sentirem que Jesus ameaçava a importância deles entre os povos, fizeram com que eles o matassem. O Poder da Humildade

Nós examinamos o poder destrutivo do orgulho na vida de grandes reis e do povo de Deus. Vamos concluir este estudo com uma pequena lição sobre o poder restaurador de escolha da humildade.

A Bíblia nos diz repetidamente que Deus quer corações humildes em Seu povo. “O SENHOR já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus”. (Mq 6:8, ).

O orgulho é uma bússola que aponta sempre para si mesmo. Mas nós podemos escolher resistir a essa tendência natural. Através do Espírito de Deus, podemos optar por sermos humildes. A Bíblia não diz que devemos pedir a Deus para nos humilhar, em vez disso, nós somos repetidamente convidados a nos humilhar “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra”(2 Cr 7:14). Deus certamente pode encontrar formas de fazê-lo recuar em seu orgulho, e isso, porque Ele te ama. Mas isso não significa que você possa querer se humilhar diante dele: Praga após praga caíram sobre Faraó e seu povo, mas o líder egoísta não se humilhava para salvar ninguém, nem mesmo seu próprio filho.

Espero viver e reinar com Cristo, um dia, mas isso nunca vai acontecer se eu não escolher abraçar a humildade agora, como Moisés a escolheu quando ele estava vivo. É dito sobre este profeta “Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra.” (Nm 12:3).

Isso é extraordinário considerando que ele teve a oportunidade de viver nos palácios do Egito. Moisés poderia ter sido um rei orgulhoso. Ele poderia ter tido todo o mundo curvando-se diante dele. No entanto, ele humildemente se afastou disso tudo, porque ele queria servir a Deus.

Adivinha onde ele está agora? Ele está na presença de Cristo, um dos poucos escolhidos que já vivem no céu. Isso é melhor do que ser um faraó embalsamado cercado por objetos empoeirados. E tudo porque Moisés se humilhou para que o Senhor pudesse levantá-lo. Precisamos perceber o nosso verdadeiro estado, se quisermos que Deus nos transforme de uma lagarta em uma borboleta. Ser como Cristo

Os exemplos contrastantes entre o orgulho do Faraó e a mansidão de Moisés são um símbolo de Lúcifer e Jesus. E cada um de nós deve escolher imitar os traços de um ou de outro. Portanto, aqui está um princípio inabalável que você deve ter conhecimento: Deus exalta aqueles que são mais humildes e humilha os mais orgulhosos.

Quem é que vai receber a maior humilhação no dia do julgamento? Satanás, porque ele queria ser Deus. Exaltou-se mais do que qualquer outro ser da criação, portanto, ele vai ser humilhado mais do que qualquer outro. Ele que caminhou ao lado do Todo-Poderoso brilhando entre pedras preciosas, vai ser lançado no lago de fogo. É o maior rebaixamento na história.

Quem mais se humilhou a si mesmo? Jesus, porque Ele desceu do seu trono celeste para a cova da humilhação e da morte por amor de Sua criação. Jesus foi o Criador tornando-se criação. Jesus “humilhou-se, tornando-se obediente até à morte. … Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome” (Fp 2:8-9).

Estas principais características de Jesus e de Lúcifer estão em guerra dentro de todos nós. Cada um de nós terá que escolher copiar um desses dois modelos em nossas vidas. Para o seu bem e para o bem do Reino de Deus, escolha a humildade hoje e peça a Deus para ajudá-lo nisso.

Se há uma terrível transgressão que fazia parte da vida de um fariseu esta era o orgulho. A vida de um fariseu normal era caracterizada pela altivez e soberba, principalmente no que tangia à religião.

Estudiosos acreditam que os rabinos se instruíam a agradecer a Deus por não terem sido criados como um gentio, um plebeu ou uma mulher. Eles eram gratos a Deus por pertencerem à uma classe "superior" de pessoas. Uma das parábolas do livro de Lucas torna esta idéia mais evidente:
O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano. (Lucas 18.11)

Indubitavelmente, a falta de modéstia ou insuficiência de coragem dos fariseus para assumir seus pecados publicamente, fazia deles falsos adoradores. No texto acima vimos que o fariseu simulou qualidades de personalidade, julgando a si mesmo alguém de elevado nível espiritual. É muito provável que os fariseus se autodenominavam seres quase perfeitos, intocáveis e superiores aos demais.

Os cristãos de hoje devem cuidar para não perpetrar tal transgressão. Confesso que em muitas ocasiões já senti orgulho e vergonha de declarar diante das pessoas que sou pecador e de reconhecer que também erro. Ser dirigente de louvor e servir em cima de uma plataforma por alguns anos me fez esquecer que sou imperfeito, cheio de falhas. Em quase todas as igrejas, existem pastores e líderes que têm caído com freqüência nesta armadilha. Eles não querem ferir sua reputação e passam a imagem de homens perfeitos aos seus discípulos, com o medo de que suas fachadas espirituais sejam desgastadas. Chegam ao cúmulo de não reconhecer perante o povo que são totalmente dependentes de Deus, devido ao seu horrendo orgulho e soberba. Segundo os nossos dicionários bíblicos, a hipocrisia consiste em fingir alguém ser aquilo que não é como se estivesse representando ser melhor do que, na realidade, o é. Essa é a base do falso orgulho. Alguém gostaria de ser algo significativo. Não sendo isso, o indivíduo apresenta ao público uma fachada de bondade que é falsa ou exagerada. Os sinônimos são a dissimulação, o farisaísmo, o fingimento e a falsa pretensão. O ludíbrio sempre faz parte da vida ou dos atos hipócritas.

Como vimos acima, o orgulho está sutilmente ligado à hipocrisia. Os "fariseus" de hoje se acham superiores aos outros e não querem ser humilhados, devido a sua altivez. A propósito, o vocábulo fariseus significa separados. Na época de Cristo, eles não somente se separavam dos outros povos, como também dos outros israelitas, afinal de contas, eles tinham uma imagem a zelar. Mas mesmo sustentando aquela imagem de santos e sábios não conseguiram enganar a Jesus. Como já esclareci anteriormente, não há possibilidade alguma de conseguirmos enganar a Deus. Ele sonda os nossos corações e conhece o nosso íntimo. Não há como se esquivar de Deus. Nenhum tipo de orgulho, hipocrisia e engano, prevalecerão em sua presença. O publicano é um personagem que precisa ser lembrado quando se discute a questão da verdadeira adoração. Na parábola de Lucas 18.9-14 percebemos com certa facilidade um intenso contraste entre a adoração do fariseu e a adoração do publicano.

“QUANTO MAIOR FOR A SANTIDADE, MAIS PROFUNDA DEVE SER A HUMILDADE”

Como o orgulho espiritual é sutil por natureza, geralmente é muito difícil detectá-lo prontamente. Ele se manifesta ao longo do tempo por seus frutos e efeitos, alguns dos quais desejamos mencionar junto com os frutos opostos da humildade que deve marcar a vida de um discípulo de Jesus. A pessoa espiritualmente orgulhosa:

* Sente que já está cheio de luz, por isso, não necessita de instrução. Assim, terá a tendência de prontamente rejeitar qualquer oferta de ajuda nesse sentido. Por outro lado, a pessoa humilde é como uma pequena criança que facilmente recebe instrução. É cautelosa no seu conceito de si mesma, sensível à sua grande facilidade em se desviar. Se alguém lhe sugere que está, de fato, saindo do caminho reto, mostra pronta disposição em examinar a questão e ouvir as advertências. “Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus? 2 E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles. 3 E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. 4 Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.” Mt 18:1-4

* Tende a falar dos pecados dos demais irmãos sem expressar misericórdia: o terrível engano dos hipócritas, a falta de vida daqueles irmãos que têm amargura, a resistência de alguns crentes à santidade. A pura humildade cristã, porém, se cala sobre os pecados dos outros ou, no máximo, fala a respeito deles com tristeza e compaixão. “Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos.” Rm 12:16

“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. 13 Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;” Cl 3:12-13

* Critica os outros cristãos por sua falta de crescimento na graça, enquanto o crente humilde vê tanta maldade em seu próprio coração, e se preocupa tanto com isso, que não tem muita atenção para dar aos corações dos outros. Queixa-se mais de si próprio e da sua própria frieza espiritual; sua sincera esperança é que todos os demais irmãos tenham mais amor e gratidão a Deus do que ele. “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.” Fl 2:3

* Fala freqüentemente de quase tudo que percebe nos outros em termos extremamente severos e ásperos, mesmo tendo recebido tal palavra do Senhor. É comum dizer que a opinião, conduta ou atitude de outra pessoa é do diabo ou do inferno. Muitas vezes, sua crítica é direcionada não só a pessoas ímpias, mas a verdadeiros filhos de Deus e a pessoas que são seus líderes. Justificam tal atitude, por estarem falando em “nome de Deus”.

Os humildes, entretanto, mesmo quando recebem palavras tremendas da parte de Deus, sentem-se tão esmagados pela sua própria indignidade e impureza, que suas exortações a outros cristãos são transmitidas de forma amorosa e humilde. Quando necessitam tratar alguma questão com seus irmãos e companheiros, eles procuram fazê-lo com a mesma humildade e mansidão com que Cristo faria. “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado.” Gl 6:1

* Comporta-se de modo diferente na sua aparência exterior, assume um jeito diferente de falar, de se expressar ou de agir. Por outro lado, o cristão humilde - mesmo sendo firme no seu dever, permanecendo sozinho no caminho do céu ainda que o mundo inteiro o abandone - não sente prazer em ser diferente só para ser diferente. Não procura se colocar numa posição de destaque, de modo a ser notado como alguém especial; muito pelo contrário, dispõe-se a servir a todas as pessoas, a ceder aos outros, a se adaptar aos outros e a agradá-los em tudo menos no pecado.

“Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: 10 Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. 11 O fariseu posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; 12 jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. 13 O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! 14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.” Lc 18:9-14

“Seja outro o que te louve, e não a tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios.” Pv 27:2

“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda.” Pv 16:18

* Incomodar-se muito com a oposição, injúrias e criticas; tende a falar dessas coisas freqüentemente com um ar de amargura ou desprezo. A humildade cristã, em contraste, leva a pessoa a ser mais semelhante ao seu bendito Senhor, o qual, quando foi maltratado não abriu sua boca, mas se entregou em silêncio àquele que julga retamente. O cristão humilde, está sempre aberto às correções que os demais irmãos queiram fazer em sua vida, considerando-as uma oportunidade para crescer em santidade. No que diz respeito às críticas do mundo, quanto mais clamorosa e furiosa for tal manifestação contra ele, mais silencioso e quieto ficará, com exceção de quando estiver no seu quarto de oração: lá ele não ficará calado. “porque isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para com Deus. (V.20) Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus.

(V. 21) Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, (V.22) o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; (V. 23) , pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente,” 1 Pd 2:19-23

“O que repreende o escarnecedor traz afronta sobre si; e o que censura o perverso a si mesmo se injuria. (V.8) Não repreendas o escarnecedor, para que te não aborreça; repreende o sábio, e ele te amará. 9 Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio ainda; ensina ao justo, e ele crescerá em prudência.” Pv 9:7-9

* Comportar-se de forma a tornar-se o centro das atenções, e o faz em detrimento àqueles que o cercam. Tem dificuldade em honrar a outros. É natural que a pessoa que está sob a influência do orgulho entenda que é merecedora de todo o respeito que lhe é oferecido. Se outros demonstram disposição de se submeterem a ela e a cederem em consideração a ela, esta pessoa receberá tais atitudes sem nenhum constrangimento. Na verdade, ela se habituou a esperar tal tratamento e a demonstrar indisposição há quem não lhe oferece aquilo que ela pensa merecer. “Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. 9 Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal;” Pv 3:7,9

“Porque, se alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo.” Gl 6:3

“pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.” Ap 3:17

* Esta sempre mais inclinado a ensinar os outros do que a aprender o que têm para ele. Tal pessoa naturalmente assume sempre uma posição de mestre, acha que todos precisam do que ela tem para oferecer. O cristão eminentemente humilde entende que precisa da ajuda de todos, ao sentir o peso da miséria dos outros, suplica e implora ao Senhor por eles; o orgulho espiritual, em contraste, sem misericórdia ordena e adverte com autoridade. “Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.” Tg 1:19

“Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um”( Rm 12:3).

Que Deus nos ajude a sermos bastante espirituais, no entanto, com moderação ao ponto de não interferir no bom relacionamento cristão entre a membresia do corpo de Cristo; já que somos membros uns dos outros. Não sejamos como a Igreja de Corinto que a despeito do poder não reinava o verdadeiro amor de Deus nos corações. Fique com Deus e a paz do Senhor Jesus, amém!

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