quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A evidência e a atualidade dos dons espirituais




Por: Jânio Santos de Oliveira




Presbítero e professor de teologia da Igreja Assembléia de Deus Taquara -








 Duque de Caxias- Rio de Janeiro





janio-estudosteolgicos.blogspot.com


(At 2.1-6;12)
*
Uma das doutrinas principais das Escrituras é o batismo no ESPÍRITO SANTO ( 1.4 ). A respeito do batismo no ESPÍRITO SANTO, a Palavra de DEUS ensina o seguinte:

(1) O batismo no ESPÍRITO é para todos que professam sua fé em CRISTO; que nasceram de novo, e, assim, receberam o ESPÍRITO SANTO para neles habitar.

(2) Um dos alvos principais de CRISTO na sua missão terrena foi batizar seu povo no ESPÍRITO (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Ele ordenou aos discípulos não começarem a testemunhar até que fossem batizados no ESPÍRITO SANTO e revestidos do poder do alto (Lc 24.49; At 1.4,5,8).

(3) O batismo no ESPÍRITO SANTO é uma obra distinta e à parte da regeneração, também por Ele efetuada. Assim como a obra santificadora do ESPÍRITO é distinta e completiva em relação à obra regeneradora do mesmo ESPÍRITO, assim também o batismo no ESPÍRITO complementa a obra regeneradora e santificadora do ESPÍRITO.

No mesmo dia em que JESUS ressuscitou, Ele assoprou sobre seus discípulos e disse: “Recebei o ESPÍRITO SANTO” (Jo 20.22), indicando que a regeneração e a nova vida estavam-lhes sendo concedidas. Depois, Ele lhes disse que também deviam ser “revestidos de poder” pelo ESPÍRITO SANTO (Lc 24.49; At 1.5,8).

Portanto, este batismo é uma experiência subseqüente à regeneração (ver 11.17; 19.6).

(4) Ser batizado no ESPÍRITO significa experimentar a plenitude do ESPÍRITO, (cf. 1.5; 2.4). Este batismo teria lugar somente a partir do dia de Pentecoste.

Quanto aos que foram cheios do ESPÍRITO SANTO antes do dia de Pentecoste ( Lc 1.15,67), Lucas não emprega a expressão “batizados no ESPÍRITO SANTO”.

Este evento só ocorreria depois da ascensão de CRISTO (1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-14).

(5) O livro de Atos descreve o falar noutras línguas como o sinal inicial do batismo no ESPÍRITO SANTO (2.4; 10.45,46; 19.6)

(6) O batismo no ESPÍRITO SANTO outorgará ao crente ousadia e poder celestial para este realizar grandes obras em nome de CRISTO e ter eficácia no seu testemunho e pregação (cf. 1.8; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1Co 2.4).

Esse poder não se trata de uma força impessoal, mas de uma manifestação do ESPÍRITO SANTO, na qual a presença, a glória e a operação de JESUS estão presentes com seu povo (Jo 14.16-18; 16.14; 1Co 12.7).

(7) Outros resultados do genuíno batismo no ESPÍRITO SANTO são: (a) mensagens proféticas e louvores (2.4, 17; 10.46; 1Co 14.2,15);

(b) maior sensibilidade contra o pecado que entristece o ESPÍRITO SANTO, uma maior busca da retidão e uma percepção mais profunda do juízo divino contra a impiedade (ver Jo 16.8; At 1.8);

(c) uma vida que glorifica a JESUS CRISTO (Jo 16.13,14; At 4.33);

(d) visões da parte do ESPÍRITO (2.17);

(e) manifestação dos vários dons do ESPÍRITO SANTO (1Co 12.4-10);

(f) maior desejo de orar e interceder (2.41,42; 3.1; 4.23-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26);

(g) maior amor à Palavra de DEUS e melhor compreensão dela (Jo 16.13; At 2.42) e

(h) uma convicção cada vez maior de DEUS como nosso Pai (At 1.4; Rm 8.15; Gl 4.6).

(8) A Palavra de DEUS cita várias condições prévias para o batismo no ESPÍRITO SANTO.

(a) Devemos aceitar pela fé a JESUS CRISTO como Senhor e Salvador e apartar-nos do pecado e do mundo (2.38-40; 8.12-17). Isto importa em submeter a DEUS a nossa vontade (“àqueles que lhe obedecem”, 5.32).

Devemos abandonar tudo o que ofende a DEUS, para então podermos ser “vaso para honra, santificado e idôneo para o uso do Senhor” (2Tm 2.21).

(b) É preciso querer o batismo. O crente deve ter grande fome e sede pelo batismo no ESPÍRITO SANTO (Jo 7.37-39; cf. Is 44.3; Mt 5.6; 6.33).

(c) Muitos recebem o batismo como resposta à oração neste sentido (Lc 11.13; At 1.14; 2.1-4; 4.31; 8.15,17).

(d) Devemos esperar convictos que DEUS nos batizará no ESPÍRITO SANTO (Mc 11.24; At 1.4,5).

(9) O batismo no ESPÍRITO SANTO permanece na vida do crente mediante a oração (4.31), o testemunho (4.31, 33), a adoração no ESPÍRITO (Ef 5.18,19) e uma vida santificada (ver Ef 5.18 ).

Por mais poderosa que seja a experiência inicial do batismo no ESPÍRITO SANTO sobre o crente, se ela não for expressa numa vida de oração, de testemunho e de santidade, logo se tornará numa glória desvanecente.

(10) O batismo no ESPÍRITO SANTO ocorre uma só vez na vida do crente e move-o à consagração à obra de DEUS, para, assim, testemunhar com poder e retidão. A Bíblia fala de renovações posteriores ao batismo inicial do ESPÍRITO SANTO ( 4.31 ; cf. 2.4; 4.8, 31; 13.9; Ef 5.18).

O batismo no ESPÍRITO, portanto, conduz o crente a um relacionamento com o ESPÍRITO, que deve ser renovado (4.31) e conservado (Ef 5.18).

DEFINIÇÕES
ou O que é um Dom Espiritual?

Palavras Descritivas

Para entender a natureza dos dons espirituais, devemos olhar primeiro para as palavras que os escritores da Bíblia usaram para descrevê-los. 1 Co 12 lista-os para nós. Cada palavra, parece, observa os dons de outro ponto de vista, mostrando outro aspecto do seu propósito, função ou origem.

Olhar estes termos juntos produzirá uma descrição mais completa dos dons que eles estavam descrevendo.

“Espirituais”
No verso 1, a Versão Autorizada (KJV) menciona “dons espirituais”. No grego lemos simplesmente “espirituais” (ton pneumatikon), significando “coisas caracterizadas ou controladas pelo Espírito”. Dons espirituais são, portanto, em primeiro lugar, coisas controladas ou caracterizadas pelo Espírito.

“Dons”
No verso 4 encontramos a palavra “dons”, que é traduzida a partir da palavra grega charisma; portanto, nosso termo “carismático”.

A palavra raiz significa “graça”. Assim, se pneumatikon nos fala que os dons espirituais são coisas caracterizadas pelo Espírito Santo, charisma nos ensina que eles são dons da graça de Deus.

Eles não algo que conseguimos ou merecemos. Eles são dons da graça. Apesar do que o termo “carismático” significa e implica hoje, não há tal coisa como um dom não-carismático.

Todos os dons são carismáticos; isto é, todos os dons são livremente dados por um Deus gracioso.

Este termo é usado também em Romanos 12:6 e 1 Pedro 4:10. (Deve ser observado que quando Paulo fala de dons em Efésios 4:7-8, ele emprega outro termo, dorea, que enfatiza virtualmente a mesma verdade; isto é, que os dons espirituais são justamente isto — dons, não recompensas.)

Isto é mais adiante enfatizado durante toda a primeira metade do capítulo 12. Por exemplo, o verso 7 nos diz que eles são dados; novamente no verso 8 é o mesmo.

Os versos 11 e 18 declaram que os dons são dados soberanamente pelo Espírito de Deus: Ele os distribui como quer.

Com esta verdade reconhecida, um princípio básico começa a emergir, um princípio que desenvolveremos mais tarde em maior detalhe.

Naturalmente tendemos a pensar que um homem bem dotado deve ser um homem piedoso.

Um pastor, por exemplo, que é especialmente dotado em diversas áreas (tais como pregação, ensino, liderança e aconselhamento ) é quase instintivamente presumido ser espiritualmente maduro e mais avançado na santidade do que todos os crentes “comuns”. “Como explicar o fato dele ser cheio de dons?”, pensamos.

O simples fato do assunto é que ele pode ou não ser espiritualmente maduro.

O fato dele ser cheio de dons não tem nada a ver com a questão, pois os dons não são dados em proporção à santidade ou qualquer outra coisa. Os dons são dados livre e soberanamente por Deus a qualquer um que Ele queira.

Eles são dons da graça, não méritos, e assim, eles não indicam de modo algum a santificação de uma pessoa. Eles não provam nada, exceto que Deus dá dons livremente. Os dons espirituais são “carismáticos” — dons da graça.

“Administrações”
No verso 5 Paulo os chama de “administrações” [versão inglesa — em algumas outras versões “ministérios”, “serviços”].

O termo no grego é diakonia, “serviço”, a mesma palavra da qual tomamos a palavra “diácono”, que significa “servo”.

O próximo fato sobre os dons espirituais, portanto, é que eles são serviços a serem prestados. Sua função primária é para os outros. Dons são para servir.

“Operações”
O verso 6 os chama de “operações”. Esta é a palavra grega da qual tomamos nossa palavra portuguesa “energia”(energema).

Os dons espirituais são também energizadores. Provavelmente esta palavra enfatiza a divina energia nos capacitando a realizar o serviço.

Pedro tinha esta mesma idéia em mente quando ele diz para “ministrar” (servir) com a “capacidade” (força) que Deus dá (1 Pedro 4:11). Deus nos dota para realizar o serviço na Sua força.

“Manifestações”

Finalmente, o verso 7 se refere a eles como “manifestações”. A palavra grega (phanerosis) significa “fazer visível”, ou “mostrar”.

Os dons espirituais, então, são mostras visíveis de serviço aos outros. Os dons espirituais não são habilidades dadas para fazer algo para si mesmo, sozinho. Isso é egoísmo. Eles são “serviços” visíveis realizados para outros.

Eles são exercitados em amor, Paulo ensina no capítulo 13, e “o amor não busca os seus próprios interesses” (13:5).

Definição
Colocando todos estes termos juntos, encontramos que um dom espiritual é uma capacidade dada por Deus para servir a igreja eficazmente. Há definições longas que poderiam ser dadas, mas esta parecer dizer tudo.

Deus tem graciosamente, de forma imerecida, equipado a cada um de nós com a capacidade de ministrar aos outros dentro do corpo de Cristo.

Um dom espiritual, então, é mais do que uma possessão, é um canal através do qual o Espírito Santo ministra para Sua igreja. Isto significa que Ele escolheu edificar a Igreja.

Distinções

Dons e Dom

Nessa conjuntura, algumas distinções são apropriadas. Os dons do Espírito não são iguais ao dom do Espírito. Em Atos 2:38 Pedro diz para aqueles que inquiriram sobre a salvação, “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo”.

O “dom” (singular) do Espírito é simplesmente o próprio Espírito Santo. O próprio Espírito Santo era o Dom prometido para todos aqueles que cressem em Jesus. Jesus falou disto em diversas ocasiões.

Jo 7:38-39 registra uma dessas. Jesus disse, “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva”.

Então João adiciona o comentário interpretativo, “Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado”.

Jo 14:15-18,26; 15:26; e 16:7 também fala do mesmo Dom prometido, com o faz Atos 1:4-5. Como desenvolveremos mais tarde, o Espírito Santo é o Dom de Cristo para Sua igreja, e isto é fundamental para o recebimento dos dons (plural) do Espírito: quando O recebemos, então, recebemos também o que Ele dá; isto é, os dons espirituais.

Por exemplo, desde que eu me casei com minha esposa, tenho comicamente lhe dito várias vezes, “o que é seu é meu, e o que é meu é seu!”.

Isto pode ser um pouco unilateral, mas você vê o princípio — quando eu a recebi, eu também recebi o que era dela.

Tudo o que era dela se tornou meu também quando nos tornamos unidos em matrimônio.

E o mesmo é verdadeiro para ela. Da mesma forma, quando eu recebo o bendito Espírito de Deus, eu O recebo em tudo o que Ele tem para oferecer.

Entre os maravilhosos ministérios do Espírito na vida do crente está o ministério de dotar para o serviço. Isto nós recebemos quando O recebemos.

Talvez seja útil parar aqui e explicar outro ponto neste versículo (Atos 2:38).

Quando Pedro disse “arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado para remissão de vossos pecados” ele não estava ensinando que o batismo é uma condição para a salvação. A preposição grega traduzida “para” neste verso (eis) carrega a idéia de “por causa de”. “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado por causa da remissão de vossos pecados”.

É como aqueles pôsteres na estação policial, “homem procurado ‘por‘ roubo” eles não estão solicitando voluntários! Eles estão declarando que alguém é procurado “por causa de” seu crime já cometido; ele não é procurado para cometê-lo! O mesmo é verdade aqui; nós somos batizados em obediência a Cristo, por causa do perdão de nossos pecados e não para ganhar tal perdão.

Dons e Fruto

Nem devemos confundir os dons do Espírito com o fruto do Espírito. Os dons são serviços para serem prestados aos outros; “fruto” fala das graças ou traços característicos de uma pessoa habitada pelo Espírito Santo.

Quando o Espírito de Deus toma residência num homem, Ele não somente o capacita para servir, mas também começa a cultivar a santidade, a evidência de que é um solo profundo, o “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5:22-23).

Tanto o fruto como os dons são essenciais. Ambos são manifestações da habitação do Espírito. Mas os dois não são a mesma coisa.

Dons e Talentos

Finalmente, uma palavra sobre talentos. Qual a diferença entre um dom e um talento? É freqüentemente dito que nós nascemos com certos talentos, habilidades naturais, mas quando nascemos de novo é nos dado dons espirituais— talentos sendo naturais e dons sendo sobrenaturais. É interessante que tal brilhante distinção nunca é descrita nas Escrituras. Ela é freqüentemente inferida ou apenas presumida, hoje, mas nunca declarada dessa forma nas Escrituras.

E com todos os fatos examinados, parece que esta distinção é inútil e difícil, se não impossível, de se demonstrar.

Deixe-me explicar. Gl 1:15-16, por exemplo, declara, efetivamente, que Paulo foi dotado para pregar desde antes o seu nascimento. Mas este dom, obviamente, não foi exercitado até muitos anos depois.

Certamente, ele, sem dúvida, pregava e ensinava antes de crer, mas tal pregação ou ensino recebeu inteiramente uma nova dimensão quando ele foi salvo.

Ele tinha o dom (talento) desde o começo; ele se tornou “espiritual” quando ele se tornou espiritual. (Um homem “espiritual” é um cristão.

Esta é a terminologia de Paulo em 1 Coríntios 2:14-15). Seus dons (os quais, sem dúvida, foram soberanamente dados também) “naturais” se tornaram espirituais simplesmente porque ele mesmo se tornou espiritual.

Ou olhe isto de outra forma: qual é a diferença entre o que o seu professor de Escola Dominical faz para você todas as manhãs de Domingo e o que seu professor da faculdade lhe faz? A diferença é óbvia: o ensino do seu professor de Escola Dominical, ou do seu pastor — embora o mesmo talento, dom, possa ser usado numa sala de aula secular — tem uma dimensão totalmente diferente.

Este ensino é espiritual e ministra para a igreja. O talento é o mesmo, mas recebeu uma nova dimensão e uma nova capacidade — uma capacidade para as coisas espirituais.

Muitos professores se tornaram “espirituais” e assim ganharam a capacidade para ministrar para a igreja com o mesmo talento, o mesmo dom, que ele tinha desde o começo.

Este talento simplesmente se tornou aprimorado em sua capacidade de servir à igreja eficazmente. Tornou-se espiritual.

Assim o contraste não é absoluto; nem há distinções necessárias. Deus sabiamente e providencialmente equipa no nascimento; a dimensão espiritual é adicionada no novo nascimento, mas o talento em si mesmo é basicamente o mesmo.

Será que já cessaram os dons espirituais?

1. O Cessacionismo

Um dos assuntos levantados, ao lidar com o volume traduzido agora, foi o “cessacionismo,” defendido por um dos participantes do debate.

É a teoria de que muitos milagres, bem como dons espirituais, existiam em função da formação do cânon do Novo Testamento – quer dizer que houve um poderoso derramamento de milagres na vida de Jesus, e dos apóstolos, mas que cessou depois de encerrado o cânon do Novo Testamento.

A idéia é que os milagres confirmaram a divindade de Cristo (fato este que está fora de dúvida) e, semelhantemente, confirmaram a origem divina da atuação e doutrina dos apóstolos.

Tudo isso concorreu para os registros em todos os livros do Novo Testamento ser reconhecidos como obra legítima e permanente de Deus, parte integrante das Escrituras Sagradas. E isso também é certo. Quando me converti a Cristo, a conversão envolveu a aceitação da inspiração plenária, inerrância e infalibilidade da Bíblia.

Inclusive entendo que qualquer conceito da Bíblia que não a reconhece assim, está fora do arraial do cristianismo.

a) Quando cessou a atuação do Espírito na Igreja? Só que é mais difícil entender como o cessacionismo vai explicar em qual momento, uma vez completadas as Escrituras, o Espírito Santo, de quem elas falam e que justamente foi prometido por Jesus à Igreja, antes da sua crucificação e ascensão, especificamente para continuar com os fiéis, para fazer as vezes de Jesus, de ser sua presença real entre nós hoje – quando teria cessado a atuação do Espírito Santo? O cessacionismo quer declarar que os dons milagrosos do Espírito Santo cessaram com a morte dos apóstolos e com a definição do conteúdo do Novo Testamento.

b) Cânon Fechado. A intenção dos cessacionistas parece ser preservar o “cânon fechado” contra novas revelações que se colocariam de encontro com o Novo Testamento que possuímos.

Contudo, nenhum crente pentecostal, que eu possa imaginar, está pensando que algum dom de profecia ou de línguas com interpretação vá diminuir substituir, ou acrescentar à Bíblia que, por si só, é obra do Espírito Santo. Jesus disse, ao prometer a vinda do Espírito Santo aos fiéis, que seria para nosso bem que Ele iria embora.

Foi para poder nos enviar o Espírito Santo (Jo 16.7), que estará conosco para sempre (Jo 14.16). E a atuação do Espírito Santo fica semelhante àquela narrada nos Evangelhos e em Atos. “O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar o que eu lhes disse”, Jo 14.26. Este texto refere-se ao conteúdo didático.

A aplicação de ensinos existentes está em: “Aquele que crê em mim fará também as mesmas obras que tenho realizado.

Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai”, Jo 14.12. Que é o conteúdo prático, já que o Espírito Santo confirmava com milagres a divindade de Jesus e a doutrina dos apóstolos. Ele continuará com a confirmação dos mesmos fatos, por onde quer que os cristãos levarem a fé.

2. Línguas em Atos 2

Nos debates sobre a palavra “línguas” em Atos 2, vejo que é incomum reconhecer que se trata de duas palavras no original.

Há chamas em forma de “línguas” (v3). Há palavras faladas com a operação do Espírito Santo sobre a língua física humana – “línguas” (v4). O que o povo ouviu nessa ocasião, eram “idiomas” (grego dialektos) (v. 6 e 8).

E o resumo é que o povo escutava as glórias a Deus sendo faladas nas suas próprias “línguas” – o dom de línguas em operação, com a interpretação milagrosa fornecida pelo Espírito Santo.

Notei na exegese teológica em Cambridge a desculpa, para não levar em conta a atuação sobrenatural do Espírito Santo, é que é “imponderável” e um fator difícil de medir. Daí me ocorreu que a diferença entre o orçamento para construir uma casa num terreno, e para fazer obra idêntica debaixo do mar, também seria bem complicada – mas isso não quer dizer que o mar não existe!

Vejo que os escritos dos Profetas canônicos na Bíblia atacam abertamente o suborno, a corrupção e muitos males da sociedade moderna, mas parece que há pessoas que procuram mais “futurologia” do que instruções para a ética na vida pessoal e coletiva. Entendo que “profecia” é mais “falar da parte de Deus” às pessoas.

As pessoas que acham que os dons espirituais não devem existir hoje, estão mais preocupadas com o dom da profecia, por pensarem que possa surgir nova revelação além da Bíblia, e até mesmo contrária a ela.

Mas, em primeiro lugar, entendo que, mediante a inspiração do Espírito Santo é que a Bíblia é infalível, inerrante e de inspiração verbal plenária. Portanto, nenhuma mensagem proveniente do Espírito Santo estaria contraditória às eternas Palavras de Deus.

Classifico como seita herética qualquer grupo que vai inventando “novas profecias” para tomar o lugar da Bíblia ou mesmo para existir em paralelo a ela.

Nada de “Bíblia mais Papa”, “Bíblia mais Livro de Mórmon” , “Bíblia mais Helen White”, “Bíblia mais a interpretação dos russelitas”, nem sequer “Bíblia mais teólogos”, pois onde existir mais carne humana, a própria Bíblia acaba sendo desrespeitada, e seu Autor, o Espírito Santo, repudiado.

Certamente deve haver uma caminhada lado a lado dos dons com os frutos do Espírito Santo. E o poder do Espírito Santo com a vida espiritual semelhante à de Jesus Cristo, que enviou o Espírito para nos tornar reais a pessoa e as palavras Dele mesmo.

Pensando na responsabilidade de cada crente ler bastante a Bíblia, por conta própria, deixando o Espírito Santo falar ao seu coração, deparei no título de um livro:A Libertação da Teologia, e consegui adquiri-lo, imaginando que se tratasse da fé íntima que não dependeria demais dos sistemas teológicos organizados.

Tinha muitas páginas falando de “espiritualidade” intercaladas com outras sobre a teologia – mas a “teologia” atacada era o próprio estudo individual das Sagradas Escrituras! Classifico como espiritismo semelhantes conceitos.

Vejo a obra do Espírito Santo brotando da fé bíblica, da conversão, da santificação – sendo todas estas, por si só, são milagres do Espírito Santo – mas acho que buscar visões, milagres, sinais sem instrução bíblica na igreja, sem leitura bíblica devocional prolongada e fervorosa pelos membros, fazem com que os alicerces fiquem fracos.

3. As Profecias

3.1. No Antigo Testamento

Quanto à profecia, sem se tratar de mensagens escrituradas de modo perpétuo através do Espírito Santo, vemos grande quantidade de profetas, profecias, e profetizar nos livros históricos da Bíblia.

Esses livros eram chamados Os profetas anteriores pelos judeus antigos – desde Josué até Neemias – principalmente porque neles surgiam, de tempos em tempos, e sem aviso prévio, servos de Deus (muitos deles anônimos) que interviam com mensagens da parte de Deus, ou que inclusive dominavam a narrativa por algum tempo, tais como Samuel, Elias, Eliseu.

E também havia grupos de profetas, escolas de profetas, dos quais se diz apenas que “profetizavam.” Até mesmo temos Saul “profetizando”, sem prever o futuro nem ditando Escrituras.

No contexto histórico, esse verbo dá mais a impressão de fervoroso louvor e glorificação. Nenhuma tentativa de concorrer com novas doutrinas.

Por contraste com os “Profetas Posteriores” – de Isaías até Malaquias – cuja doutrina é registrada por toda a eternidade.

3.2. No Novo Testamento

Semelhantemente, no “dom da profecia” no Novo Testamento, temos profecias “ad hoc” – aplicadas à situação momentânea de uma ou mais pessoas, sem transmitirem nova doutrina – é somente “adiáfora” matéria que não faz diferença ao conteúdo da fé.

O contexto é idealmente uma reunião da igreja, com leitura bíblica, pregação, louvor, orações espontâneas, com a presença do Espírito Santo em plena manifestação (e não uma presença “alegada” como no caso de um Concílio do Vaticano).

Num culto assim, surge milagrosamente uma mensagem de profecia, ou em línguas, seguida de interpretação, que é exatamente o que alguém está precisando naquele exato momento – e é pelo Espírito que esse alguém reconhece que se trata de Deus falando ao seu coração.

Acaba sendo um duplo milagre – assim como em Atos 2, os apóstolos falaram segundo o dom das línguas milagrosas, e os circunstantes entendiam segundo seus idiomas ou dialetos maternos.

Repudiável seria fazer um registro de semelhantes mensagens, e guardar na igreja como uma preciosidade perpétua; já ouvi, também, de “profetisas” abrirem “consultórios” particulares, de profecias sob encomenda – até pagas! É melhor ter os dons no seu ambiente espiritual, como flores no seu próprio canteiro.

Minha experiência mais notável de uma profecia, ou mensagem de Deus, através de línguas com interpretação, foi ao ser batizado na Assembléia de Deus em Cambridge. Cheguei aí porque me via cercado por teólogos modernistas – estudantes e professores – e eu, me dedicando ao estudo da própria Bíblia nos idiomas originais, sentia-me tão acossado como o profeta Elias, até meditar na unção que procede do Santo, “a unção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine; mas como essa unção, que é verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele tal como os ensinou”, 1 Jo 2.20-27.

Vi que precisava da unção do Espírito Santo, e um universitário (não estudante de Teologia) falou em eu ser batizado (nas águas) para receber o dom do Espírito Santo. Com convicção no Espírito, fui assim batizado e, ao sair das águas, ouvi uma mensagem num idioma que não entendia, mas que parecia ser da África Central, de Zimbábue, e a interpretação me dizia para não me afligir com as pressões, porque a teologia dos modernistas não passava de paganismo bem organizado, debaixo de uma leve máscara de cristianismo.

A partir de então, nunca me senti oprimido pelo modernismo, só que agora considero que estudá-lo, mesmo para refutá-lo ou para fazer parte dos deveres de teólogo, é entrar em diálogo com Satanás, conforme fez Eva.

A partir de então, passei a considerar a ética ensinada nas epístolas, não mais como as “letras miúdas” da salvação, mas, sim, como um ambiente jubiloso de realidade no Espírito Santo.

O pentecostalismo confirma totalmente a fé na totalidade da Bíblia.

4. Dom de Línguas

No tocante ao dom de línguas, a experiência de líderes internacionais, tais como Donald Gee e Davi Du Plessis, baseada em conhecimentos mundiais de movimentos pentecostais, tem revelado que onde esse dom tem sido deixado de lado, a igreja tem sofrido em todos os aspectos.

Referem-se aos movimentos pentecostais que surgiram a partir de 1906. Referindo-me à igreja de modo global, minha convicção é que se alguém lançar fora uma parte da fé bíblica, a parte dos dons milagrosos do Espírito Santo, acaba repudiando todos os milagres na Bíblia, inclusive o nascimento e ressurreição de Jesus Cristo, a própria inspiração da Bíblia, e até mesmo a existência de Deus.

Nos países onde o cristianismo nominal oferece cargos altamente pagos por conta do governo, chegamos a ter “pastores” e “teólogos” que repudiam todos os essenciais da fé – é essa a situação que chamo de “modernismo.” Parece que muitas pessoas que não estão esperando um derramamento do Espírito Santo com avivamento, santificação, dons e milagres no fim dos tempos, estão colocando muitíssima ênfase no Anticristo.

Na Conferência de Niágara em 1895, foi resolvido excluir os milagres dos Cinco Fundamentos da Fé, e colocar, no seu lugar, uma cláusula sobre pré-milenismo. Mas foi em 1906 que, em resposta a uma renovada busca do padrão bíblico, os estudantes na Rua Azuza receberam o derramamento do Espírito Santo.

Foi aí que muitos receberam a mensagem como aquilo que mais desejavam na vida, e outros se puseram veementemente contra. E assim fica forçada, a partir de então, em todas as igrejas mundialmente, uma decisão pró ou contra a obra do Espírito Santo.

Uma crítica contra o pentecostalismo hoje diz que há diversidade de opiniões e interpretações. Mas vejo que as interpretações humanas da própria Palavra de Deus são igualmente divergentes – sem isso ser uma crítica contra a Bíblia, sem se tratar de a Bíblia ser insuficiente.

Os seres humanos distorcem a Bíblia, e também podem distorcer a obra do Espírito Santo, sem haver falha nem defeito em uma ou outra.

As igrejas oferecem, com razão, métodos de estudo da Bíblia, manuais, dicionários, e comentários da Bíblia, recomendam grupos de oração, meditações, orientação pastoral, apóiam pregadores, conferencistas, preletores – tudo para haver entendimento apropriada da Bíblia! Tudo isso é precioso com a unção do Espírito Santo. Sem ela, tudo em vão.

A democracia espiritual na igreja é cada um ter seu próprio acesso às Escrituras, e também à pessoa do Espírito Santo. É um direito, mas também um dever.

Se os membros não estiverem com a vida espiritual em dia, a igreja ficará oca, como árvore aparentemente viçosa que por dentro é escavada por cupins.

Os judeus antigos nos tempos de Cristo desviavam-se do Antigo Testamento para suas tradições.

No Talmude, existem fartas citações de um rabino que cita outro, que cita outro, e remonta a ainda outro.

Quando Jesus Cristo surge como o cumprimento do Antigo Testamento, os fariseus o rejeitaram, porque já tinham se montado na vida como líderes religiosos na carne, e Jesus já não se encaixaria no sistema deles.

Como cumprimento do Novo Testamento, Jesus enviou o Espírito Santo, mas a cristandade, depois de chegar aos poderios e honrarias carnais, passou a menosprezá-lo e a considerá-lo assunto para “seitas” fora da igreja oficializada.







Os dons espirituais

1 Co 12

A igreja é o corpo de Cristo. Ela existe e trabalha assim, como um corpo.

Cada crente é um membro desse corpo.

A edificação espiritual de cada membro contribui para a edificação do corpo.

Os problemas de cada membro influem na operação do corpo. As alegrias de cada membro tornam-se motivo de regozijo de todo o corpo.

Os sofrimentos e as dores de um membro fazem sofrer todo o corpo de Cristo.

Os dons espirituais são distribuídos por Deus à igreja como corpo. Eles são dados, tendo em vista a edificação da igreja.

Não têm o objetivo de premiar ou prestigiar alguns crentes espirituais, mas beneficiar a igreja ajudando-a a edificar-se e operar como corpo de Jesus Cristo.

Se os dons entristecem os crentes, não ajudam na edificação do corpo e dos membros e dividem a igreja não são dons espirituais proporcionados por Deus.

A igreja dos coríntios, entre outros problemas, enfrentava a questão dos dons espirituais.

Paulo dedica boa parte de sua primeira carta ao trato deste sério assunto.

Os capítulos 12 a 14 discutem a diversidade, a utilidade e a prática dos dons concedidos pelo Senhor à igreja. As maiores dificuldades ali em Corinto relacionavam-se com o dom de línguas.

A introdução do apóstolo no capítulo 12, passando pela sublime peça de literatura a respeito do caminho sobremodo excelente do amor, o capítulo 13, constitui-se a preparação para a discussão especial do problema das línguas, objeto das considerações do capítulo 14.

1 Co 12.1-3.

Os crentes coríntios, antes de sua conversão, eram pagãos arrastados ao culto dos ídolos mudos pela necessidade de emoções e sob o domínio das superstições.

Nada conseguiam nessas falsas religiões porque seus deuses eram ídolos mudos. No evangelho, opera um Espírito Santo que conduz os crentes e o que os inspira ao testemunho.

O primeiro e principal teste da inspiração do Espírito Santo é a atitude do crente em relação a Jesus Cristo. Ninguém reconhece o senhorio de Cristo e a ele se submete, se não for conduzido pelo Espírito.

Por outro lado, quem adota uma atitude contrária ou mesmo indiferente em relação a Jesus, não se acha sob a inspiração do Espírito.

Versículos 4-7

O Espírito Santo usa homens diferentes, de diferentes maneiras, concedendo-lhes diferentes dons. Operações, ministérios e dons são diferentes, mas têm todos uma mesma origem: vêm de Deus. Os dons têm uma finalidade: o proveito comum.

“Quaisquer que sejam os dons que o Espírito tem conferido, ou as diversas maneiras com que se manifestem tudo tem sido dado para o proveito comum da igreja.

Deus não concede dons a nenhuma pessoa para seu benefício único, para seu exclusivo proveito”.

Há diversidades de dons, mas todos têm o mesmo objetivo: a edificação da igreja como corpo de Jesus Cristo.

Nestes versos, aparece uma clara referência à doutrina da Trindade.

Os dons são atribuídos ao Espírito, os ministérios a Jesus (o Senhor do verso 4), as operações a Deus, que é o Pai.

Essa menção não acontece por acaso.

As pessoas da divina Trindade são três, mas constituem um só Deus. Elas atuam de maneira diversa, ante o nosso entendimento, mas trabalham num mesmo propósito. Da mesma forma, na igreja somos diferentes, mas existimos como um corpo. Temos diferentes dons, mas servimos a um mesmo propósito.

Versículos 8-11

A palavra da sabedoria significa a capacidade espiritual de aplicar os ensinos de Deus à prática da vida cristã, ajudando o povo de Deus a andar nos caminhos retos do Senhor, e agir adequadamente ante as situações da vida no mundo. A palavra da ciência relaciona-se com o conhecimento espiritual.

É a capacidade de penetrar profundamente na doutrina revelada, na palavra de Deus, compreendê-la em seu conjunto e seus detalhes, expondo-a a povo de Deus para a sua instrução. Esses dois dons relacionam-se com a inteligência iluminada pelo Espírito Santo, e com a capacidade de comunicar aos outros a vontade de Deus. Daí estarem precedidos do termo palavra (logos).

A fé é a capacidade de ver o invisível, essa fé milagrosa que remove montanhas. Num certo sentido, todos os crentes têm fé.

Mas o dom espiritual da fé é algo especial que Deus concede para mover sua igreja a grandes realizações.

Dons de curar referem-se ao poder que Deus concede para mover sua igreja a grandes realizações.

Dons de curar referem-se ao poder que Deus concede para a libertação das enfermidades. Deus continua curando hoje, como curou no passado. Às vezes, ele usa os ofícios do médico,as vezes, não. Na realidade toda cura vem de Deus.

Os dons de curar foram dados para a autenticação do evangelho. Mas nem mesmo os apóstolos fizeram deles uso indiscriminado.

Deus continua curando nestes tempos, mas não nos parece que essas apregoadas “curas” dos movimentos carismáticos correspondam a esse dom de curar mencionado no Novo Testamento.

A operação de milagres corresponde ao poder espiritual de suspender temporariamente as leis que governam o mundo.

Há três fases de milagres na Bíblia.

A primeira relaciona-se com os dias de Moisés, época da doação da lei. A segunda com os tempos de Elias, quando o paganismo envolvia o povo de Deus, e um reavivamento era necessário.

A terceira acontece com o início do cristianismo. Esses milagres se deram para autenticar as verdades de Deus. Deus pode operar milagres em qualquer tempo. Mas o dom de operação de milagres concedido ao homem não era está em evidência nestes dias.

A profecia não significa só a capacidade de prever o futuro, mas principalmente o dom de proclamar as verdades de Deus.

Profeta é quem fala em nome de Deus. Há um dom de profeta dado à igreja para sua edificação.

Discernimento de espíritos significa a capacidade de distinguir entre um milagre falso e um verdadeiro, entre alguém que se diga inspirado pelo Espírito e que realmente o seja; entre quem se apresente como um seguidor de Jesus e outro que de fato siga o mestre.

As línguas são idiomas que Deus concede aos homens falarem para que outros que não nos entendam possam conhecer o evangelho, como se deu em Pentecostes.

Interpretação de línguas é uma capacidade espiritual de traduzir o que está sendo dito em outro idioma. O dom de línguas e o dom de interpretação se completam. Vale acentuar que as línguas mencionadas nas Escrituras são sempre idiomas.

O dom de línguas em Corinto que muitos tomam como exemplo para sua prática hoje constituía um abuso do verdadeiro dom de falar idiomas não aprendidos intelectualmente.

O critério da concessão dos dons é do Espírito. Ele os dá as igrejas como ele quer. Todos os crentes são agraciados com dons.

Se alguém não encontra o seu, peça a Deus que o revele. Todos os crentes têm sua utilidade na igreja.

E vale acentuar: Os dons são dados à igreja. Cada um de nós com a capacidade que o Espírito Santo concedeu é um dom proporcionado à igreja para a edificação do corpo de Cristo.

Versículos 12-14

Paulo acentua a unidade da igreja, dizendo aos coríntios que eles formam um copo em Cristo. A unidade na igreja não se dá somente em relação aos dons espirituais, que têm a mesma origem (Deus) e a mesma finalidade (o proveito comum da igreja, a bênção e a edificação do corpo de Cristo).

Nossa unidade se mostra também no fato de que somos membros de Cristo. A igreja identifica-se com Cristo.

Seria natural esperar que no verso 12 aparecesse a frase “assim também a igreja”. Mas o apóstolo coloca a frase: “assim também é Cristo”.

Cristo é nesse versículo sinônimo de igreja. Porque Cristo e a igreja. A igreja é Cristo. Como cabeça e corpo se identificam, assim se identificam Cristo e a igreja. Qualquer problema na igreja fere a Cristo. Ele se sentia profundamente ferido com as questões e os problemas da igreja de Corinto.

Nós nascemos de novo pela operação do espírito. O Espírito batiza o crente, imergindo-o no corpo de Cristo.

As diferenças, causa de muita luta e muitas divergências entre nós, são inteiramente secundárias ante o nosso batismo no corpo de Cristo.

Raça, nacionalidade, condição social, cultural, econômica, tudo isso se torna sem sentido em relação à nossa união em Cristo.

Nos versos 28 a 31, Paulo alinha os dons, mostrando que eles são concedidos de maneira diferente. Uns recebem um dom, outros recebem outro. Ninguém tem todos os dons. Ninguém ficou sem um dom.

Ninguém precisa ambicionar o dom de seu irmão. Mas há um caminho que todos precisam trilhar, qualquer que seja o seu dom. É o amor que deve dominar o coração de cada crente. Em Corinto, a prática do amor deixava a desejar. E em nossa igreja hoje?

Resumo:

1. Diversidade. “Ha diversidade de dons… de ministérios… de operações” (vv. 4,5,6). Os dons visam suprir as necessidades da igreja que é um corpo com muitos membros. Para que toda a igreja seja abençoada são realmente necessários vários dons.

2. Utilidade. “É dada a manifestação do Espírito para proveito comum” (v.7).

Os dons existem não para deleite de alguns crentes em particular. Mas para o proveito comum, para a utilidade da igreja, para abençoarem o corpo de Cristo, com seus vários membros.

3. Origem. “Um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas” (v.11).

Os dons espirituais vêm à igreja, procedendo de Deus através do Espírito Santo.

Eles não significam capacidade natural ou intelectual do homem. São capacidades espirituais dadas por Deus aos crentes. Quem não é crente pode ter capacidades e habilidades, mas não são dons espirituais.

4. Distribuição. “Distribuindo a cada um particularmente como quer” (v.11).

Não cabe ao homem escolher o seu dom. Se os dons são concedidos para abençoar a igreja, quem melhor do que Deus para conhecer as necessidades e como elas podem ser satisfeitas?

5. Universalidade. “A cada um… a um… a outro” (vv. 7,8,11.28-30). Nem todos sãp apóstolos ou profetas, ou mestres.

Nem todos têm o mesmo dom. Mas cada um tem o seu dom. Cada um tem com que abençoar o corpo de Cristo. Todos recebem dons.

A Deus toda a Glória!

• Propósitos dos dons espirituais.
Os dons espirituais são dados para que cada pessoa possa experimentar a alegria pelo fato de Deus trabalhar através dela. ( 1 Co 12.7)

• Categorias diferentes de dons.
“Ora , há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; e há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.”( 1Co 12.4-6)

A. DONS DE MOTIVAÇÃO

Diversidade de dons.

Cada crente tem um dos sete dons de motivação anotados em Rm 12.6-8. Baseado nisto, com ou sem conhecimento, cada crente vê outros crentes e circunstâncias por intermédio de seu dom de motivação. Crentes com o dom de servir vêem as coisas através dos olhos de servo.

Crentes com o dom de ensinar vêem as coisas pelos olhos de mestre. O mesmo é verdade para aqueles com o dom de profecia, de exortar, de presidir, de dividir e de misericórdia.

B. “Dons” DE MINISTÉRIO
Diversidades de ministérios. (1Co 12.5) Dons de ministérios dão oportunidades aos crentes para o serviço cristão reconhecido por e através da igreja.

Estes dons são confirmados pelos líderes da igreja. Os líderes da igreja ordenaram a Timóteo impondo-lhe as mãos, e o enviaram para ajudar a Paulo. Seu serviço prestado a Paulo foi um dom de ministério.

Por duas vezes o apóstolo Paulo lembrou a Timóteo acerca do dom de ministrar que ele havia recebido. (1Tm 4.14 ; 2Tm 1.6)

C. “DONS” DE MANIFESTAÇÃO
Diversidades de operações. (1Co 12.6)

A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum. Dons de manifestação são resultados sobrenaturais do trabalho do Espirito Santo em nossas vidas e nas vidas daqueles a quem ministramos.

Enquanto usamos o nosso dom de motivação por intermédio de um dos dons de ministério, Deus manifesta resultados sobrenaturais no seu povo. O Espirito Santo pode dar a uma pessoa a quem ministramos, o dom de sabedoria; outro pode ser dado o dom de manifestação de fé, etc. (1Co 12.8-10)

DEFINIÇÕES IMPORTANTES

Um dos grandes segredos sobre o assunto de dons espirituais está na definição correta de palavras chaves. A palavra para “dom” no grego é a palavra CARISMA . Esta palavra como muitas no grego compreendem mais de uma palavra “dentro” da própria palavra.

Por exemplo, “dentro” da palavra CARISMA encontramos duas palavras.
CARIS = GRAÇA
CAR = ALEGRIA

1. CARIS significa GRAÇA. A definição ativa de graça ( caris) é DEUS NOS DANDO O DESEJO E A FORÇA (MOTIVAÇÃO) PARA CUMPRIR A SUA VONTADE.

2. CAR é a outra palavra “dentro” da palavra CARISMA. Esta palavra significa ALEGRIA.

Unindo, pois, essas duas palavras Car + Caris temos a palavra Carisma.

Concluímos, pois, que o uso de seu dom espiritual lhe proporcionará duas coisas. Você experimentará grande alegria e ao mesmo tempo possuirá uma motivação interna, que vem do Espírito Santo, para praticar o seu dom.

Isso acontece sem o menor esforço. É algo que você pratica naturalmente pois é o seu dom, dado por Deus.

3. Quantos dons cada crente possui?

Os seguintes textos indicam que cada crente possui somente um dom de motivação.

A. O substantivo grego para a palavra dom em I Pedro 4.10 está no singular. “Servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.”

B. Os dons são comparados aos membros de um corpo.

C.“Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros tem a mesma função. . . “( Rm 12.4)

C. Cada um deve se concentrar plenamente no dom que Deus tem dado a ele. Isto não seria possível se cada um tivesse mais do que um dom de motivação. ( Rm 12.3-8)

Cada crente também pode ter um ou mais dons de ministério, e vários dons de manifestação. Os dons de ministério são confirmados pela igreja e os dons de manifestação são determinados por Deus através do Espirito Santo.

4. Como podemos descobrir o nosso dom espiritual? Alguns passos importantes para descobrirmos o nosso dom espiritual de motivação.

A. Tenha a certeza de que você é crente.

Cada pessoa nasce com uma capacidade motivacional natural. Pessoas que desenvolvem e usam esta capacidade motivacional tendem a ser muito bem sucedidas aos olhos de outros, mas os seus esforços não têm benefícios espirituais.

Quando uma pessoa nasce de novo, o Espirito Santo vivifica ou impulsiona o seu dom de motivação para o propósito de Deus na igreja e para a gloria de Deus. Freqüentemente algumas pessoas não reconhecem o seu dom de motivação por causa do efeito debilitante de sua natureza pecaminosa.

B. Quebre a força do pecado.

Pecados com raízes de orgulho, amargura, valores materiais e impureza moral entristecem o Espírito Santo e extinguem a sua força em nossas vidas. Já que é o Espirito Santo que nos faz reconhecer o dom que Ele nos dá e depois opera por intermédio deste dom, é óbvio que o pecado vai impedir o descobrimento de nosso dom espiritual.

C. Concentrarmo-nos nos outros.

O propósito de nosso dom espiritual é compartilhar o amor de Deus a outros.

Se nós não estamos envolvidos na vida de outras pessoas, não haverá base nem propósito para descobrir qual é o nosso dom espiritual.

O mais que nós nos concentremos nas necessidades cotidianas daqueles que nos rodeiam, mais liberdade o Espirito Santo terá para operar por intermédio de nosso dom para suprir as necessidades de outros.

D. Discernindo as suas motivações.

Cada dom espiritual induz o seu possuidor a ver outros de uma perspectiva diferente. Um profeta, por exemplo, estará a par de necessidades nas vidas de outros que um servo não chega a notar.

Ao mesmo tempo o servo notará certas necessidades que um profeta nem chega a notar. Perguntando-se a real razão por que você quer ajudar a outros, ajudará você a identificar com mais precisão o seu dom espiritual.

E. Examinando aquilo que lhe causa irritação.

Cada crente verá pessoas e circunstancias do ponto de vista de seu dom espiritual. Cada um verá certas necessidades que não serão vistas por aqueles com dons diferentes. A tendência é de presumir que todos vêem o que você vê.

Isso resultará na possibilidade de se irritar com outros por não serem sensíveis a certas necessidades ou não se interessarem por elas.

F. Descubra as suas características.

Cada dom espiritual demonstra características especificas. Aqueles que têm o mesmo dom terão a tendência de enfatizar e ilustrar certas características mais do que outros que têm outros dons espirituais. As características precisas de cada dom são explicadas neste estudo.

A lista que melhor descreve cada crente é um bom indicador do seu dom espiritual.

G. Dê o tempo adequado.

Nem todos podem identificar o seu dom imediatamente. As vezes leva mais tempo para descobrir qual o seu dom verdadeiro.

Freqüentemente a escolha ficará entre duas possibilidades. Neste momento, é bom selecionar um e começar a concentrar-se nele.

No devido tempo você ficará sabendo se este é o seu dom pelos frutos e alegria que você terá no seu exercício.

H. Humilhe o seu coração.

O descobrimento e prática de dons espirituais é conseguido através da graça de Deus e não pelo nosso desejo e força própria.

( Rm12.6). Quanto mais graça o crente recebe, mais confiança efetividade ele terá em exercer o seu dom. Deus promete dar graça somente ao humilde. ( Tg 4.6)

I. Identificando mal uso de seu dom.

Quando um crente idôneo exercita o seu dom espiritual, produzirá fruto espiritual. Porém, quando um crente imaturo ou carnal exercita o seu dom espiritual, freqüentemente haverá reação ou falta de entendimento.

Essas más utilizações do dom geralmente o confirmam claramente. Os mal usos dos dons espirituais serão tratados posteriormente.

5. Outras pessoas conseguem identificar o meu dom espiritual?

Geralmente não. Outras pessoas podem notar as suas ações e reações. Porém, não podem ter certeza de sua motivação interior. Se você for um bom mestre, outros poderão presumir que o seu dom espiritual é ensinar, quando na realidade poderia ser exortação ou misericórdia ou qualquer outro dom. Só você mesmo pode confirmar precisamente qual o seu próprio dom espiritual.

TRÊS ESTÁGIOS NO DESCOBRIMENTO DO SEU DOM ESPIRITUAL

A. Você não tem certeza.
Logo de inicio, é capaz de você não ter a certeza de qual é o seu dom espiritual.

B. Você tem certeza.
Seguindo os passos para descobrir e desenvolver o seu dom espiritual, você terá certeza de qual é o seu dom.

C. Você confunde outros.
Desenvolvendo o seu dom espiritual, você deve aprender a viver pelo padrão total de Deus, e não somente os padrões pelos quais você se sente atraído. Isto levará outros a questionarem qual o seu real dom.

6. Como posso desenvolver o meu dom espiritual?

Comece obedecendo a Deus em cada área de sua vida. Você nunca alcançará o propósito de Deus até que você aprenda a obedecer a palavra de Deus.

Aprenda as características dos outros seis dons espirituais e procure incorporá-los à sua vida.

Lembre-se de que Deus designou os dons para que nós dependêssemos uns dos outros, tanto quanto nós dependemos de cada membro de nosso corpo físico.

Se uma pessoa com o dom de profecia não aprende de outra com o dom de misericórdia, ele ou ela poderá proclamar a verdade, mas provavelmente não será em amor como nos é ordenado.

(Ef 4.15).Se alguém com o dom de exortação não aprender com o dom de ensinar, ele ou ela poderá dar, em aconselhamento, passos para o crescimento espiritual, mas esses passos poderão não ter base nas Escrituras.

Somente quando nós entendermos isto é que evitaremos o perigo de não ter um conceito mais alto de nós mesmos do que convém. ( Rm 12.3-6)

Nas Escrituras Deus ordena todos os crentes a:

PROFETIZAR:

“Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar” O que fala em língua edifica-se ...profetiza... ( I Co 14.1, 4)

SERVIR :
“. . .antes pelo amor servi-vos uns aos outros...” ( Gl 5.13)

ENSINAR:
“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria; ensinando-vos uns aos outros. . .”( Cl 3.16)

EXORTAR:
“Antes exortai-vos uns aos outros todos os dias. . . durante o tempo que se chama Hoje,para que nenhum de vós, se endureça pelo engano do pecado” ( Hb 3.13)

REPARTIR

“Daí, e dar-se-vos-á. . .” ( Lc 6.38)

PRESIDIR:

“A mão diligente dominará...”. ( Pv 12.24)

MISERICORDIA:

“Portanto, como eleitos de Deus, santos, e amados ,revesti-vos, de compaixão, de benignidade, de humildade, de mansidão. . .” (Cl 3.12)

7. Como posso aprender a ver pelos olhos de outros?

Comece a perguntar àqueles com dons diferentes o que é importante para eles.

Peça a eles para descreverem o que eles vêem numa situação especifica. Encoraje-os a apontar os pontos obscuros de sua vida e de seu serviço a Cristo.

Descubra crentes que estão sendo bem sucedidos no uso de seus dons, e analise como eles fazem as coisas:

• Como o profeta identifica e expõe o pecado?

• Como o servo vê e supre as necessidades cotidianas de outros?

• Como o mestre dá validade à verdade?

• Como o exortador visualiza os passos que nós devemos tomar?

• Como o repartidor faz bons investimentos?

• Como o dom de presidir consegue cumprir as suas atividades?

• Como o dom de misericórdia sabe o que fere outros?

Cada um de nós devemos buscar com zelo os melhores dons visando a nossa edificação e da Igreja do Senhor.

A exclusividade se destina ao dom de profetizar , pois este pode nortear os destinos do povo de Deus.

Precisamos no entanto estarmos precavidos contra toda sorte de meninice que em geral vitima a Igreja do Senhor por falta de discernimento por parte de quem se encontra na direção do trabalho

Que Deus nos ajude a permanecermos firmes na fé para glória de Deus e a edificação da sua Igreja, amém!

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